A VIDA QUE NASCE DO LIXO
O Brasil mudou seu tipo de lixo em quantidade e qualidade, em volume e em composição, estando muito diferente daquele que se produzia há 40 anos. E desde então uma transformação silenciosa e invisível vem ocorrendo por forma da catação de resíduos sólidos. Em 1989 foi umas das primeiras cooperativas de catadores, a Coopamare, foi criada e então vem se consolidando o Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável.
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A Coleta Seletiva
Coleta Seletiva é o que se dá ao sistema de reconhecimento dos matériais recicláveis: papeis, plástico, vidros, metais e orgânicos. O material pode ser classificado com pré-consumo, quando a um exesso na produção dos artigos e o pós consumo, nome que se dá ao material já utilizado pelo consumidor. Não existe apenas uma forma de realizar a coleta seletiva, aqui estão os principais sistemas:
Porta a porta: é feito o recolhimento do material já separado e colocado na frente aos domicílios e pequenos estabelecimentos comerciais em dias específicos; esse método é de responsabilidade oficial da prefeitura municipal, que pode executar com frotas próprias ou contratando as cooperativas de catadores. Quando não responsáveis pela coleta, as cooperativas podem receber o material recolhido por terceiros em suas centrais de triagem, há também a coleta de doações, sistemas em que a cooperativa negocia com grandes geradores (como shoppings) para coletar seus resíduos recicláveis. É obrigação de todo orgão público separar seus resíduos recicláveis e disponibilizá-los às cooperativas (de acordo com o Decreto Federal 5940/2006).
Ecopontos: locais de entrega voluntária oferecidos pela prefeitura que recebem pequenos volumes de entulho e resíduos recicláveis. Os materiais, que devem ser descartados em caçambas específicas para cada tipo de resíduos, podem ser encaminhados para cooperativas de catadores cadastradas. A cooperativa pode também ser contratada pela prefeitura para prestar o serviço de operação do ecoponto.
PEVs- Pontos de entrega voluntária: instalados em locais por onde um grande fluxo de pessoas passa diariamente, esse contéineres, fechados e de diversos formatos e tamanhos, recebem materiais recicláveis independente do dia e intinerário da coleta seletiva municipal. Os PEVs podem ser propriedade da prefeitura, a qual geralmente disponibiliza os resíduos para as cooperativas.
A maioria das cooperativas de catadores, por mais que realizem atividades como coleta, transporte, triagem processamento, beneficiamento , compostagem e destinação final dos resíduos sólidos não são oficialmente contratadas e pagas para esses fins. Muitas vezes a execução dessas tarefas ocorre mediante uma simples autorização da prefeitura municipal, mas nenhum contrato é firmado. O recebimento pelo serviço prestado é de fundamental importância para a sustentabilidade dos empreendimentos dos catadores, uma vez que a renda obtida apenas com a venda dos materiais é baixa na maioria dos casos.
Marcos Paulo Moreira responsável pelo PGM Reciclagem
Mariana: O que você mais faz aqui na PGM?
Marcos: Aqui eu faço de tudo um pouco. Eu comando, mas também ajudo a descarregar a balança, arrumo a caçamba de vez em quando. Mas fico mais na parte administrativa mesmo.
Mariana: Você já coletou resíduos na rua?
Marcos: Não, na rua não. Sempre trabalhei dentro do deposito.
Mariana: Quando decidiu que queria trabalhar com essa parte da reciclagem?
Marcos: Meu pai já mexia com isso, meu pai tem deposito desde antes de eu nascer, então eu já nasci dentro do deposito e desde os meus 13 anos já trabalho com isso, não me vejo em outra atividade. Claro que eu tive outros sonhos, ser jogador de futebol, mas não deu vim trabalhar aqui mesmo.
Mariana: A empresa PGM é sua?
Marcos: Sim, ela era do meu pai que passou para mim.
Mariana: Então ela já tem muitos anos?
Marcos: Na verdade ela foi fundada em 2011. É que meu pai tem vários depósitos, na Vila São José na zona sul de São Paulo e quando ele montou em Santo Amaro, que foi em 2011 que ele criou a PGM. Mas ele tem depósitos de 30 anos atrás, que ele trabalha inclusive até hoje.
Mariana: E você gosta de trabalhar aqui.
Marcos: Gosto. Já estou a muito tempo no ramo, quase a vida toda, nunca trabalhei com nada diferente. Se eu não gostasse já tinha desistido.
Mariana: Já houve algum problema com carroceiros, ou a prefeitura?
Marcos: Problema sempre tem, mas todos tem solução. Prefeitura já veio aqui, por denuncia de vizinho. Eu tive que mandar pavimentar todo o chão daqui, ele já era de concreto mas era todo irregular, tive que passar o asfalto para não ter nenhum buraco, porque podia pisar e torcer o pé. Já vieram cobrar deixar o extintor sempre na data de validade.
Quanto a carroceiros sempre tem aqueles que bebem que usam drogas, não são todos. As vezes tem algumas discussões mais ríspidas, mas sempre contornável.
Mariana: Você acha que a reciclagem é importante?
Marcos: Acho que sim, eu me sinto ajudando o mundo. O tanto de lixo que eu recolho só com esse meu aqui na vila Madalena da 70 toneladas por mês, imagina esse lixo todo na rua. Só do meu depósito, tem mais dois que devem coletar mais ainda que o meu. É tanta coisa que não ia ter onde colocar.
Moacir, 51 anos.
Trabalha com reciclagem faz 12 anos, no deposito do Marcos. Trabalha também como pedreiro e serralheiro. Mas onde consegui dinheiro foi na reciclagem
Mariana: Com o que você gosta mais de trabalhar?
Moacir: Gosto mais de trabalhar como serralheiro
Mariana: Porque decidiu trabalhar com a reciclagem?
Moacir: Foi uma época que fiquei desempregado, alguns 4 ou 6 meses. Alguns colegas que trabalham com isso também falaram para mim que com a reciclagem eu ia conseguir um dinheiro.
Fiquei duvidando, até que um dia e vim e percebi que tem retorno, inclusive a minha casa foi da rua.
Eu tenho uma casa grande, quatro cômodos, comprei o terreno, tudo vendendo material reciclável.
Mariana: E você tem família?
Moacir: Tenho esposa e um filho que já vai fazer 12 anos.
Mariana: Na família é só você que ajuda na renda?
Moacir: Não, já faz um ano e pouco que minha esposa começou a trabalhar também.
Mariana: E como é ser carroceiro para você?
Moacir: Quando começamos a trabalhar éramos muito criticados, muita gente levou o nome de vagabundo. Mas nem todo mundo é vagabundo. Mas depois que conhecemos o mundano (pimp my carroça) as coisas mudaram, a gente percebeu que alguém se importava com a gente. O pessoal do nosso país tem muito preconceito, mas tem muita gente honesta na rua.
Trabalhar na rua, recolhendo lixo, é uma coisa que você sabe que tem retorno. Já deixei dois empregos para vir trabalhar aqui, que não tem dor de cabeça. É assim, se você ganha 10 reais, você recebe, se ganha 1000 também recebe. Aqui não tem complicação.
Mariana: Que outras dificuldades você vê de trabalhar na rua?
Moacir: Acho que a maior dificuldade hoje é o material barato, também tem muita gente fazendo isso. E governo não proporciona ajuda que nos precisamos, eles falam demais e não fazem. Eu acho que os carroceiros deviam ser mais respeitos.
Mariana: Qual é o material que vale mais dinheiro?
Moacir O cobre
Mariana: E qual é o mais fácil de achar?
Moacir: Papelão, plástico.
Mariana: Você acha que um dia vai parar de trabalhar com a reciclagem?
Moacir: Acho que só quando eu morrer.

O projeto Pimp My Carroça começou em 2007 com o projeto do Mundano.
A ideia dele era trazer mais visibilidade para os carroçeiros, melhorar suas autoestimas, e sensibilizar a população. Eles fazem isso trazendo grafiteiros renomados para decorar as carroças, e a melhora da funilaria, da borracharia e a instalação de kits de seguranças.
O pimp também cuida do bem estar do carroçeiro, proporcionando atendimento médico, massagista, cabeleireiros e psicólogos.
O obejtivo de tudo isso almejar melhores condições de trabalho e inclusão social.

Os catadores compõem um importante grupo que contribui para gestão dos resíduos sólidos nas cidades do Brasil. Ao longo do dia, coletam, separam e vendem o que as casas, comércios e industrias descartam. Muitas vezes trabalham em péssimas condições e não conseguem bons preços para seus resíduos. Constituem uma massa, de desempregados que, por sua idade, condição social ou baixa escolaridade não encontram mais lugar no mercado de trabalho forma. Por fim, há um grupo de homens e mulheres com histórias de vida muitas vezes assinaladas pela violência, pelo sofrimento e pelo preconceito.
A partir da década de 1990, as campanhas de coleta seletiva e inclusão de catadores começaram a se multiplicar, principalmente em razão da politicas e acoes no gerenciamento de resíduos apoiadas por governos, organizações não governamentais e instituições sociais. Consequentemente, começaram a surgir alternativas para fortalecer os catadores e deixa-los mais independentes. Uma das alternativas que se tem mostrado bastante eficaz é a organização em cooperativas. A estruturação delas busca romper algumas amarras existentes no circuito de separação e comercialização de resíduos, com o intuito de melhorar as condições de vida e de trabalho dos catadores.
Feito por Mariana Marvão Antoniolli, estudante de jornalismo da faculdade Cásper Líbero e engajada em ajudar quem só quer exercer sua profissão